SER(EI)






Encontro-me em cada pedacinho das coisas inexplicáveis, do todo perfeito que não saíu da mão do homem.


Chuva que cai, árvores que rompem a terra, Lua que se deita para o Sol me aquecer.


De tanto me encontrar fundo-me na paisagem que move lenta os dias e as noites.


Um dia nasço, um dia renasço e serei apenas o som do vento.

ATÉ À TUA PORTA




Vou subindo degraus até chegar a ti.


Devagar, uma escalada precisa e orientada pelos sons que vêm da tua porta.


Pé aqui, pé ali, galgo obstáculos nas estações do frio e do calor, desembaraço-me de discursos preparados, poupo o ar que preciso para te atingir em cheio no sentir que sobe comigo.


E quando bato à tua porta, sorrio e abraço-te.


Tenho dito.

BEM-QUERER




Tantos rostos e olhares já cruzei nestes caminhos.


Perderam-se os que vinham em falsa fé, ficaram os que me trespassaram a alma.


E de tantos anos passados ainda sinto o som do ribeiro a correr no meu coração de cada vez que os reencontro.

ESTRANHA GENTE






Todas as palavras estão aqui.


Não são precisas mais cores.

TU ÉS





Ofereço-te um inferno ao som do sapateado, ritmo de suores dançados na libido estalada de mãos que em colcheias e semi-fusas progridem caminhos bárbaros.


Estranho. És um estranho dentro de ti próprio.


Querer o céu num paraíso de cinco sentidos.


Amansar deuses e buscas de tortura.


O homem é o demo de si.

O TEMPO DO TEMPO





O tempo tratou de me distraír, cantou, tocou pianos de cauda, fez truques com coelhos e pombas, coloriu lenços na seda das asas de borboleta.


Arderam...


O tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem.


Tenho agora, foge tempo que também eu sei cantar.


(SEM) FIM




Cada nascer de dia e cada pôr-do-sol farão desse dia o único dia em que me lembrarei que nesse dia o pôr-de-sol se despediu triste de mim e no nascer seguinte fará o dia especial em que nos reencontramos.



E sempre assim será nas minhas histórias de amor...

ENTRE O BRANCO E O NEGRO




Nada é tão simples ou tão redutor como a cor e a ausência desta.


Pelo meio vivem multiplos tons que variam do amor ao ódio.


Pontes feitas de sentidos alerta, saudades de beijos, acenos de chegada, abraços fundidos.


São as cores do Outono que se aproximam e banham o mundo.

RONDA DO TEMPO




No relógio tic-tac não se marcam as batidas do tempo.


Enganam-se Estios e Invernos pelo calor do teu corpo e pelo aconchego do nosso.


Rende-se o tempo à nossa rendição.


Que esta é vitória no bater do coração.

LEMBRAR EM BEM




Mesmo depois de dizermos adeus podemos unir na mão dada os tempos bons e ensolarados, os risos cúmplices, as lágrimas do silêncio sentido na comunhão das noites secretas em que o mundo era a nossa fábrica de sonhos.

PARKOUR JUST DO IT




O som do corpo.

Do bater do coração.

Ouvi-lo.

Sem medo.

A TI MESMO




Dá-me a honra de seres o meu par esta noite, de me sentir tomada no voo dos teus braços, dos teus passos, deixar-me entontecer nas palavras que giras, dá-me a honra de ser a rainha de copas, de tentar mais uma vez, de ser o amor maior, de ser tudo o que se espera e nada se espera, uma quimera, um fogo-fátuo, uma libélula, uma frase, um sopro, um quase nada que pensaste.

PARA SER




Sem o sonho não sei ser.


Preciso de voar, ser o condor, a montanha abaixo, o rio de água que leva na folha perdida a mensagem da árvore, recados que sonho encontrarás, quando não interessa.


Basta que sonhes também, que faças do meu o som do teu.


Sem o sonho não te invento.

CAVALEIRO ANDANTE




... E um som mais que sopre a mais será.


Conta-me, conta-me invenções que me afastem dos pesadelos e guarda-me no teu peito.


Não feches o livro.


Mesmo que o fim escrito a negro o diga.


Dá-me garupa, leva-me no teu sonho.

SEI DO QUE GOSTO




Tenho o poder de escolher entre ti e a distância de respirar.


Sei o que quero, gosto e cativo.


E prefiro doer-me na saudade do que nunca ter experimentado os sons da vida.

PARALELAS ASSIMÉTRICAS




A linha que separa a realidade do improvável tange desejos e sonhos que articulam a imaginação.


Mola eficaz. Catapulta de artes. Invenção de mundos paralelos.


Chama que flameja na escuridão da rotina e alumia o amargo-doce das diferenças.

AO SONHO




Elegia ao sonho, à mola da vida.


Que sería de mim se não inventasse estórias de amor, tempestades no Verão, flores que se comem e sons novos para cantar?


Apaga-se o sonho, apago-me eu.


E também tu, que és invenção de mim.

CLAVE DE SOL




Nas silhuetas de notas perdidas entre cinco linhas pautadas há uma clave do sol que brilha.


Para além do que se vê há uma cor nova que anima mil formas de ser e toca harpas que só os puros de coração sentem nos sons suspirados.


Clave de sol, clave de mim.

CÁ POR DENTRO




Cá por dentro o meu coração é tango.


Arde no vermelho ao som da tua voz que me obriga a passos de gato mansamente cruel ao teu virar de tom.


Amargamente fiel me enleio nas tuas promessas e ao toque da madrugada despimos danças em beijos mordidos.

MEIGAMENTE...




Segura-me meigamente, fragilmente. Encosta-me ao teu peito e deixa-me sentir baixinho o ressoar do teu coração. Não me beijes, deixa-me essa vontade nesta dança, nesta música que trauteias sussurrada como um segredo que tivesse sido inventado por ti.


Só para mim... meigamente, fragilmente...

RESPIRAR




Respira, respira-me, sente como cada poro de mim explode ao toque do teu som e se expande na paleta de cores que pintam a alma.


Respira-me, respira, sente como cada poro da tua pele se encaixa no toque dos meus, sinfonia de afectos, mundos coloridos que só nós sabemos pintar.


Respira, dá vida ao meu corpo na pele do teu, essências coloridas na paixão de amar.

COMUNICAR




Há no som a sedução e o fascinio que pinta os corpos na dança.


Acasalam-se tons no enamoramento dos sentidos.


Fala debutante entre as eras nada é tão eterno como o homem que escuta e fala pela música.

FICAR AQUI




Entre ficar e ir há a diferença do estar.


Presente, envolvente, cúmplice, critico, condescendente, solidário, discordante, amigo, amor.


Fica comigo.

A PARTIDA




Perto. Quase tocável. Tão perto que nem se vê. Tão perto que se esquece que existe. Tão eminente que se mimetiza no dia-a-dia. Tão viva quanto a vida. Tão presente que a queremos sempre ao longe. Tão silenciosa que chega sem ruído e acaba por ser o maior barulho de cada um de nós.

TOLOS







Entre nós existe o espaço que deixa caír as palavras que ficaram a dançar ao som de uma música romântica.


Tolos, como todos os tolos que engolem lágrimas e suspiros, que se emocionam pela mesma luz e cor nas rimas perdidas de uma balada tão tola, mais tola ainda do que este amor.

DO MESMO AMOR






Escuta...


É este o som que entendes? Aquele que te faz voar, braços erguidos na nota de cabeça, céu estrelado no pico da tarde, o lobo que chama a sua hora?


Se são estas as histórias que inventas na cor das cinco linhas, linhas de teus dedos, cinco quinas do afago, então a melodia é a minha.

A que eu canto.

SENTIR E TANTO QUERER






Para ver do belo que há em cada um imprescindível entrar.


Cativar no som das palavras sentires e afectos, transformá-los em entendimentos e mãos seguras.


Entrar para saír, de dentro para fora, do pulsar das cores para o arco-íris do querer, da vontade para o beijo.

POESIA





Palavras


Som


Cor


Carne


Alma

A COR DO AMOR







I'LL PROTECT YOU FROM THE HOODED CLAW




KEEP THE VAMPIRES FROM YOUR DOOR

REPETIR & INOVAR






Há caminhos que faço porque outros já antes os abriram.


Dos meus passos ficarão caminhos para os que virão atrás, na repetição do ciclo da vida.


O mundo é redondo, um dia chego ao ponto de onde parti.


Mas até lá outros roços abro como caminhos novos só para mim.

NEM TUDO TEM UM PORQUÊ






Deixei de perguntar porquê, apenas o aceito.


Não andam nas veias vicios que rejeitamos?


E no entanto são-nos tanto sangue como o fluido da vida, és-me tanto como a pele do meu avesso.


Deixei de querer arranjar razões para ti, apenas me aceito.