UM ANO DE CORES






Os acordes que silencias servem para desenhar os meus passos de dança, seja no salão desejado seja na folha com que brinco às palavras que me servem de sapatilhas agora que o amor é um baile de letras.

SALTOS PARA VIVER




Que interessam os insanos saltos para o escuro, os mergulhos do outro lado da lâmina, todos os pulos sem a decência da rede se viver é só uma vez de cada vez?


Não me peçam tino. Não o quero, prefiro rodar até caír tonta e sentir as garras da terra a abraçarem-me como âncoras de naus que se perderam.


É tudo tão relativo, quero ser agora. Amanhã posso estar surda e perder as cores dos ruídos a despontar na Primavera.

AINDA NÃO PASSOU




Tão mais fácil se com o desfolhar dos dias a memória derretesse e levasse o que ainda me lembro, o que ainda custa a entender e magoa. Tão mais fácil se nada fosse importante nem audível quando a música toca e o peito se abre de novo na ferida do que ficou alojado cá dentro e por (te) dizer

AO SOM DO BEIJO




A duração do som do amor é o tempo contado entre duas batidas do coração. Se se prender junto ao peito soará essa dupla, imbatível, indestrutível na sua reprodução que mais nenhum tem o bater igual. Frequência concreta no inaudível humano, fazem-se deuses os que se querem abraçados e se se sentir o descompasso no ritmo do respirar é porque a boca calou o que beijos gritam como música para o par dançar.

ASAS




As asas servem para sonhar, para desenhar, para inventar o que não pode ser de outros. As asas servem para amar o que se cria e mostrar os sonhos na ponta dos dedos. As asas são fronteiras entre o ser e o dar, são palavras que voam até aos olhos de quem se gosta, são sussurros de verbo desatados.

PASSOS






Ando. Gasto. Como. Trituro pedras num caminho sabido de outros passos feitos em recuo no avanço dos dias que páro à medida de sorrisos pendurados.