AGORA NÃO




Não quero saber de silêncios, de escuridões, de gente triste que me põe feia, de guerras sem sentido, de fogos molhados pela lágrimas dos perdidos, de despedidas em tardes de Verão ou rugas profundas no frio da neve.


Tenho tempo. Tanto tempo. Quando tiver tempo de ter tempo, irei deitada e tudo pode acontecer.

CHOVE







Às vezes não vou, os meus pés não podem ir, o meu corpo agarra-se preso a pele e ossos e fico dentro dele.


Parada.


Mas se quiseres podes sentir-me perto de ti, tão perto que me podes abraçar e beijar e ouvir-me contar-te histórias como se nunca tivesse saído do aperto da tua mão.


Os sons que me levam são o troar do meu grito quando fecho os olhos e peço à chuva que te lembre que te choro e não posso ir.

INVISÍVEL





A invisibilidade dos sentires leva ao caminho da invisibilidade total.


Trespassamo-nos nas ruas, no cruzar apressado de cabeça e alma, fugimos da troca de olhares, receamos os fluidos quimicos da atracção.


Esbarramos em nós mesmos, que dos outros vemos o reflexo do que não queremos ver em nós.

MULHER-TERRA







O Tango tem a arte do corpo-a-corpo na contenda por terra.


Terra de mulher, coração de mulher, amor de mulher.


Disputam-se centímetros pelo som de passos que enxotam o outro, marca-se o ritmo na agilidade do volteio, imitam-se caretas e devaneios na zombaria da dança errada e se das mãos se fazem armas logo mais deslizam na terra moldando amores.

A AVENTURA DOS SONHOS







Cavalgo na loucura dos sonhos, trote rápido e vivo no encalce de outras cruzadas.


De amazona dou montada a quem me der a mão, estribo seguro mas sem freio aperreado que os meus caminhos rasgam-se na descoberta do que não vejo, na senda de um amor maior que o tamanho dos meus desejos.


Se fores bravo segues-me.


Apenas posso prometer aventura à velocidade do som.

DAR A OUTROS DE MIM







Libertam-se palavras de mim como sons de um ataúde gemido entre dedilhares solitários, sem ouvinte, sem espectador que os apupe ou aplauda.


Lamento as lágrimas secas que emprestei a outros de mim e agora, mesmo doendo tanto, não sei como chorar.

PIEDADE






Vou deslizando a quatro, marcando ritmos pelas pegadas de som que vais deixando tombar da tua voz, sigo-te cativa no feitiço que marca trilhos até ao desejo.


Já vou rendida e no corpo-a-corpo que pressagio a vitoria é dos sentires.


Só te peço piedade no despojo da essência.


Ardo...

HISTÓRIAS DE PAUTAS





Pede-me esta dança que eu vou.


Façamos uma história de amor pelo tempo que a música durar.


Depois escreverei um livro onde contarei tudo e essa história será a lembrança de acordes de um tempo profundo.

O GRITO




Dos sons que projecto a chamar-te, de todos os gritos, berros, ameaças e até o ultimatum de nunca mais cantar a nossa música só um ouviste.


O meu silêncio.

RESPIRARE




E de repente é tudo tão relativo.




Tudo tão pequeno, tão sem importância à vista da dor que embarca no peito e se faz nau e aprende as rotas de todas as veias navegando sangue de saudades por todos os tempos que se fecham na lembrança do que pareceu um dia ter estado vivo e presente.




Respirar-te.




Ouvir-te.

AQUI OU EM LUGAR ALGUM






Se estalares os dedos apareço, dobro a esquina, bato à tua porta por detrás de um laço que me esconda as lágrimas e a fragilidade de ser quando apenas tu quiseres que eu seja, que eu apareça, que esteja perto de ti e aperte a tua mão nos momentos só.


Sempre ou quando te apetecer.


Eu sou o som da tua voz.

MAIS UMA VEZ





Parece que tudo se quebra, se rompe , estraçalha o coração nas promessas de tanto amor ao vento.


Ao vento foram-se dores, palavras, juras, vão agora as lágrimas. Secam-se feridas na ferida que abre um novo amor.


É só mais uma vez, é tudo outra vez.

ECO DE TI






Vê-te, olha-te no mundo que te envolve e te molda, modifica, espalma, mirra.




Vê o teu futuro no que és hoje.




Abre os olhos ao som da vida e desenha novas linhas na pauta do teu coração, enche-te na magia de escutares os outros e canta, canta muito e sempre para que o eco do teu sentir se faça universo de ti mesmo.

UNÍSSONO




Não preciso dizer-te palavras para entenderes o som que propago desde o meu peito até ao teu.


Outras pontes se constroem pelo olhar e pelos desenhos das mãos contra sombras na parede que imitam a ti e a mim a dançar.


Os passos aprendemo-los enquanto a vontade aqui estiver.


E das canções basta o compasso descompassado de escutarmos o mesmo tom.

SER(EI)






Encontro-me em cada pedacinho das coisas inexplicáveis, do todo perfeito que não saíu da mão do homem.


Chuva que cai, árvores que rompem a terra, Lua que se deita para o Sol me aquecer.


De tanto me encontrar fundo-me na paisagem que move lenta os dias e as noites.


Um dia nasço, um dia renasço e serei apenas o som do vento.

ATÉ À TUA PORTA




Vou subindo degraus até chegar a ti.


Devagar, uma escalada precisa e orientada pelos sons que vêm da tua porta.


Pé aqui, pé ali, galgo obstáculos nas estações do frio e do calor, desembaraço-me de discursos preparados, poupo o ar que preciso para te atingir em cheio no sentir que sobe comigo.


E quando bato à tua porta, sorrio e abraço-te.


Tenho dito.

BEM-QUERER




Tantos rostos e olhares já cruzei nestes caminhos.


Perderam-se os que vinham em falsa fé, ficaram os que me trespassaram a alma.


E de tantos anos passados ainda sinto o som do ribeiro a correr no meu coração de cada vez que os reencontro.

ESTRANHA GENTE






Todas as palavras estão aqui.


Não são precisas mais cores.

TU ÉS





Ofereço-te um inferno ao som do sapateado, ritmo de suores dançados na libido estalada de mãos que em colcheias e semi-fusas progridem caminhos bárbaros.


Estranho. És um estranho dentro de ti próprio.


Querer o céu num paraíso de cinco sentidos.


Amansar deuses e buscas de tortura.


O homem é o demo de si.

O TEMPO DO TEMPO





O tempo tratou de me distraír, cantou, tocou pianos de cauda, fez truques com coelhos e pombas, coloriu lenços na seda das asas de borboleta.


Arderam...


O tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem.


Tenho agora, foge tempo que também eu sei cantar.


(SEM) FIM




Cada nascer de dia e cada pôr-do-sol farão desse dia o único dia em que me lembrarei que nesse dia o pôr-de-sol se despediu triste de mim e no nascer seguinte fará o dia especial em que nos reencontramos.



E sempre assim será nas minhas histórias de amor...

ENTRE O BRANCO E O NEGRO




Nada é tão simples ou tão redutor como a cor e a ausência desta.


Pelo meio vivem multiplos tons que variam do amor ao ódio.


Pontes feitas de sentidos alerta, saudades de beijos, acenos de chegada, abraços fundidos.


São as cores do Outono que se aproximam e banham o mundo.

RONDA DO TEMPO




No relógio tic-tac não se marcam as batidas do tempo.


Enganam-se Estios e Invernos pelo calor do teu corpo e pelo aconchego do nosso.


Rende-se o tempo à nossa rendição.


Que esta é vitória no bater do coração.

LEMBRAR EM BEM




Mesmo depois de dizermos adeus podemos unir na mão dada os tempos bons e ensolarados, os risos cúmplices, as lágrimas do silêncio sentido na comunhão das noites secretas em que o mundo era a nossa fábrica de sonhos.

PARKOUR JUST DO IT




O som do corpo.

Do bater do coração.

Ouvi-lo.

Sem medo.

A TI MESMO




Dá-me a honra de seres o meu par esta noite, de me sentir tomada no voo dos teus braços, dos teus passos, deixar-me entontecer nas palavras que giras, dá-me a honra de ser a rainha de copas, de tentar mais uma vez, de ser o amor maior, de ser tudo o que se espera e nada se espera, uma quimera, um fogo-fátuo, uma libélula, uma frase, um sopro, um quase nada que pensaste.

PARA SER




Sem o sonho não sei ser.


Preciso de voar, ser o condor, a montanha abaixo, o rio de água que leva na folha perdida a mensagem da árvore, recados que sonho encontrarás, quando não interessa.


Basta que sonhes também, que faças do meu o som do teu.


Sem o sonho não te invento.

CAVALEIRO ANDANTE




... E um som mais que sopre a mais será.


Conta-me, conta-me invenções que me afastem dos pesadelos e guarda-me no teu peito.


Não feches o livro.


Mesmo que o fim escrito a negro o diga.


Dá-me garupa, leva-me no teu sonho.

SEI DO QUE GOSTO




Tenho o poder de escolher entre ti e a distância de respirar.


Sei o que quero, gosto e cativo.


E prefiro doer-me na saudade do que nunca ter experimentado os sons da vida.

PARALELAS ASSIMÉTRICAS




A linha que separa a realidade do improvável tange desejos e sonhos que articulam a imaginação.


Mola eficaz. Catapulta de artes. Invenção de mundos paralelos.


Chama que flameja na escuridão da rotina e alumia o amargo-doce das diferenças.

AO SONHO




Elegia ao sonho, à mola da vida.


Que sería de mim se não inventasse estórias de amor, tempestades no Verão, flores que se comem e sons novos para cantar?


Apaga-se o sonho, apago-me eu.


E também tu, que és invenção de mim.

CLAVE DE SOL




Nas silhuetas de notas perdidas entre cinco linhas pautadas há uma clave do sol que brilha.


Para além do que se vê há uma cor nova que anima mil formas de ser e toca harpas que só os puros de coração sentem nos sons suspirados.


Clave de sol, clave de mim.

CÁ POR DENTRO




Cá por dentro o meu coração é tango.


Arde no vermelho ao som da tua voz que me obriga a passos de gato mansamente cruel ao teu virar de tom.


Amargamente fiel me enleio nas tuas promessas e ao toque da madrugada despimos danças em beijos mordidos.

MEIGAMENTE...




Segura-me meigamente, fragilmente. Encosta-me ao teu peito e deixa-me sentir baixinho o ressoar do teu coração. Não me beijes, deixa-me essa vontade nesta dança, nesta música que trauteias sussurrada como um segredo que tivesse sido inventado por ti.


Só para mim... meigamente, fragilmente...

RESPIRAR




Respira, respira-me, sente como cada poro de mim explode ao toque do teu som e se expande na paleta de cores que pintam a alma.


Respira-me, respira, sente como cada poro da tua pele se encaixa no toque dos meus, sinfonia de afectos, mundos coloridos que só nós sabemos pintar.


Respira, dá vida ao meu corpo na pele do teu, essências coloridas na paixão de amar.

COMUNICAR




Há no som a sedução e o fascinio que pinta os corpos na dança.


Acasalam-se tons no enamoramento dos sentidos.


Fala debutante entre as eras nada é tão eterno como o homem que escuta e fala pela música.

FICAR AQUI




Entre ficar e ir há a diferença do estar.


Presente, envolvente, cúmplice, critico, condescendente, solidário, discordante, amigo, amor.


Fica comigo.

A PARTIDA




Perto. Quase tocável. Tão perto que nem se vê. Tão perto que se esquece que existe. Tão eminente que se mimetiza no dia-a-dia. Tão viva quanto a vida. Tão presente que a queremos sempre ao longe. Tão silenciosa que chega sem ruído e acaba por ser o maior barulho de cada um de nós.

TOLOS







Entre nós existe o espaço que deixa caír as palavras que ficaram a dançar ao som de uma música romântica.


Tolos, como todos os tolos que engolem lágrimas e suspiros, que se emocionam pela mesma luz e cor nas rimas perdidas de uma balada tão tola, mais tola ainda do que este amor.

DO MESMO AMOR






Escuta...


É este o som que entendes? Aquele que te faz voar, braços erguidos na nota de cabeça, céu estrelado no pico da tarde, o lobo que chama a sua hora?


Se são estas as histórias que inventas na cor das cinco linhas, linhas de teus dedos, cinco quinas do afago, então a melodia é a minha.

A que eu canto.

SENTIR E TANTO QUERER






Para ver do belo que há em cada um imprescindível entrar.


Cativar no som das palavras sentires e afectos, transformá-los em entendimentos e mãos seguras.


Entrar para saír, de dentro para fora, do pulsar das cores para o arco-íris do querer, da vontade para o beijo.

POESIA





Palavras


Som


Cor


Carne


Alma

A COR DO AMOR







I'LL PROTECT YOU FROM THE HOODED CLAW




KEEP THE VAMPIRES FROM YOUR DOOR

REPETIR & INOVAR






Há caminhos que faço porque outros já antes os abriram.


Dos meus passos ficarão caminhos para os que virão atrás, na repetição do ciclo da vida.


O mundo é redondo, um dia chego ao ponto de onde parti.


Mas até lá outros roços abro como caminhos novos só para mim.

NEM TUDO TEM UM PORQUÊ






Deixei de perguntar porquê, apenas o aceito.


Não andam nas veias vicios que rejeitamos?


E no entanto são-nos tanto sangue como o fluido da vida, és-me tanto como a pele do meu avesso.


Deixei de querer arranjar razões para ti, apenas me aceito.

À MEDIDA DO TEMPO





A cor do tempo não é a cor dos sons.


A do tempo ensina-nos que o beijo ama mas também nos despede.


A da cor do som promete o sabor prolongado do beijo inesquecível logo aos primeiros acordes.

AMORES





Fomos apanhados numa teia chamada tempo que nas linhas tecidas finas fortaleceram a saudade de nunca nos termos conhecido.


E no entanto, este é o tanto do quanto te amo.

COM O TEMPO...





Escrevo, descrevo-te, invento-te saudade, caminhos de linhas em letras perdidas dentro do meu peito.


Nunca as saberás.


Sopro-as ao vento, chama-lhes brisa.


Eu chamo-lhes tempo.

À FRENTE DE TI





Estou no futuro de ti.
Naquilo que desejas.
No mais à frente em que persegues e não agarras, o sonho, a quimera de mil palavras.
Um dia desapareço, nada mais por onde andares na busca, acordas.
Será tarde, demasiado para o retorno.

VADE RETRO





O teu gostar tem do mais traiçoeiro sabor a cor do pecado e do imperdoável.


Agarro-me a mezinhas de escárnio para te rir no som da melodia que me lanças.


Mas quanto mais longe mais dentro te tornas.

PESADELO





Colcheias e bemóis debatem-se num voo aguerrido contra as paredes do meu sentir.


Nas sombras velozes surge o meu passado incolor, gemidos de séculos em que sofri apertada por outra de mim, armadura de um amor perdido.


Luto contra as sombras da parede, firo punhos e olhares, rompe-se o coração destronado pela melodia da cor.


E no final, do pesadelo apenas restam as gotas de suor. E uma clave de sol deixada para trás.

MEMÓRIAS DOS SONS






No pó das palavras engulo dores esquecidas, dissolvo-as no céu da boca, sinto-lhes de novo o amargo do momento, deixo-as queimar-me na lentidão dos minutos eternos enquanto ao longe, o som da tua musica me traz à vida.

FONTE DO SOM





O som adorna-me com reginas cores como só a essência da alma o sabe.


Sou pássaro, fruto, água, voo, alimento-te, canto-te sedes que desconhecías.


Agora que o sabes sustenido algum te bastará.

SEM VOZ





De todas as vezes que eu quiser e tu precisares.


No silêncio de não saber quem sou.


No grito embutido na tua garganta.


No sorriso dos olhos e nas lágrimas da boca.


Salva-me. Mais uma vez.

CHAMA-ME





Flutuo.


São águas mornas que me divagam como sonhos brancos e tranquilos.


Num mundo paralelo derreto memórias de tempos que não vivi mas alimento os meus sonhos de sons coloridos, fábrica de poderes, construo histórias a três dimensões e derreto-me quando acordada a melodia me chama pelo arco-íris da tua voz.

ESCREVER OS SONS





Escrever para exorcizar.


Cantar para dizer o que não se consegue dizer pela melodia da fala.


Falar para escrever como outro.


Exorcizar pela cor do som baladas de palavras que batem no peito.

OUÇO-TE





Harpejo do teu corpo vibrado pelo meu.


Tocam vozes na rádio que me lembram de ti.


São o diapasão que afina na distância o som que ambos escutamos.

CAIXA DA PAIXÃO




No luto da existência, o sorriso de sabores exóticos.


Tons fortes de tempestades ritmadas a paixão.


Vale a pena a vida.


Cor do som no bater do coração.

INVADO-TE





No teu silêncio a minha voz desperta-te mundos subterrâneos dos quais só nós dois conhecemos as melhores passagens.


Não me reveles.


Deixa-me invadir-te as veias e dar-te vida.

SHHHHH...




Mesmo que o saibas não o digas.


Assim fico presa àquilo que quero ouvir.


Desejo-o.


Evito que o murmures que seja, não expliques o que anseio, quero aguar-me desses sons sussurrados que me fazem cócegas na concha da mão.

QUANTUM




Não avalies a minha quantidade de amor.


O meu humor é uma rédea cortada que surpreende o cavaleiro e está proporcionalmente ligado à loucura da paixão.


São nas esporas da montada que galopo o teu sentir.


Por isso não digas pouco, agarra o que te dou e vicia-te.

EM MOVIMENTO





As cores do som misturam-se no meu peito.


Ressoo ritmos e tons inventados em claves góticas, renascimentos de néon onde a flor se eterniza no plástico da memória.


Exalo melodias que só pela vibração do toque podem ser escutadas.


Movo-me à velocidade do som, penso logo existo.

PARTILHAS




Dá-me as tuas lágrimas que eu dou-te os meus sorrisos.


Dá-me a tua mão que eu dou-te uma viagem.


Dá-me os teus segredos que eu conto-te uma estória.


Dá-me o teu silêncio e eu dou-te a cor do som.

HISTÓRIAS




Repito histórias de amor.


Através dos séculos amo e morro nos teus braços.


No próximo não quero encontrar-te.


Poupa-me à dor de te perder outra vez.

MOLDE




O meu coração não tem forma certa.


Não é alinhado à esquerda.


Nem só de sangue se alimenta.


Toca-me, dá-lhe o molde do teu.


Alquimia do gesto, batida viva que pulsa o querer-te.


POR TODO O TEMPO






Danço por dentro de mim.



Uma dança de chamar a chuva, lavar o feio, regar os sons enraizados do brilho das cores.


Hei-de dançar e dançar até ficar tonta e caír.


Descobri-me como mil bailarinos, mil soldados do sentir.

PESADELOS




No cetim dos sonhos atiras-me despedidas.


Ráfias de pesadelos em queda livre.


Acorda-me e serei salva.


Ao som da tua voz.


Nas cores do teu apelo.

QUERO ARRISCAR (-TE)





Atiro-me à vida como o pianista ao branco-negro.


Toco insanas pautas no risco do solfejo desviado pela tentação do improviso.


Dos dedos há o toque, o relevo e a queda.


Arrisco o abismo do arco-íris para te encontrar nos cinco sentidos.

ARRENDO NOITES







Alugam-se os sentidos no dia dormente e batido na multidão de números.


Alugam-se corações e sorrisos, faz-de-conta que sou feliz.


Lantejoulas e carmim escondem destroços.


A noite veste melhor.


Não se arrenda a boca, trocam-se beijos com sabores tutti-fruti.

CANTOS DO MUNDO





Canta para mim no abraço longo.


Revela-me a tua melodia em tons pastel, vagarosos e quentes.


Aquece-me no som pálido de um original que tenha o meu nome.


Há-de ecoar pelo Universo e ambos seremos uma ária perfeita.

PAIXÃO-PAIXÃO





Em cada sustenido do olhar enegrecem-se pautas no repleto dos sentidos.


Catadupa de sons, turbilhões de desejo, palavras fundidas no disfarce da melodia que faz dançar.


Slow motion em querer-te. Vagarosamente. Sincopadamente. Strobe light de movimento réptil. Noites acesas no fio da navalha. Paixão. Paixão.


Caixa de ritmos que baqueia no corpo. Paixão. Paixão.

COR DE FOGO




Esquece o monocromático.


Esquece o sim e o não.


Este é o tempo da cor do fogo, este é o tempo do pecado, o templo está dentro de mim, os teus passos a porta aberta.


Pinta a música com os gemidos da paixão e rasga as óperas em lágrimas coloridas.

SÓ PARA MIM





A violência do som que só se ouve por dentro é mais forte que a velocidade que ele alcança.


Os ruídos que me enchem de sinfonias são ecos das palavras que um dia falaste ao meu ouvido.


Memorizei-as.


Agora surda sirvo-me delas para ver as cores do alfabeto.

JOGAR





Jogos de sons e cores.


Paleta de paixão e pele, sexo e palavras, vida e condenação.


Jogar a carta trunfada do amor.


Bluff de mão, peço para ver.


Fecho os olhos, encosto a porta, não há vencidos.

PARA SEMPRE




Cristalizo tempos de memória fugaz.

Véus de beijos passados na leveza do verbo amar.

Imortalizo-te no baptismo da recordação.

DIVINAMENTE AMOR



Em todas as formas e saberes.

Sem se saber.

Amar.

Divinamente.

COMANDAR






Condução sem rumo em ruas guiadas.


Salto na vida perturbando a rotina.


Fujo do quotidiano e invento outros caminhos.


Quero-me viva e assanhada na cidade dormente.

TESTING

For colors, text form and hearing all the sounds around the world